Por: Debóra Dalegrave
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Obrigada Fred Magazine, é um prazer estar aqui novamente, compartilhando mais uma experiência que a maternidade tem me proporcionado. Hoje vou contar um segredo, uma coisinha que ninguém conta. Sabe depois que o bebê nasce, entramos na fase do puerpério, e essa fase dói, isso mesmo, o puerpério dói mais que a cessaria, mais que o parto... ele nos traz a dor emocional. Acredito que o período mais tenso que passamos...
Com o nascimento da Isabella já me senti diferente, “perdida” e com a chegada do Matheus esse sentimento ficou mais intenso... o olhar no espelho revelou uma nova mulher. Está sendo um desafio, viver esse puerpério (na verdade não sai de um e já estava no outro, acredito que isso contribuiu para a avalanche de sentimentos), ao me olhar no espelho e não saber mais quem é aquela mulher refletida!? Já são quase quatro meses intensos de transformação, de desaprender para aprender novamente, de me reconhecer em um novo corpo, e acolher um vazio que sem querer se instalou.
A imagem muitas vezes “construída” pela sociedade da mãe radiante, não existe... claro, claro que fiquei feliz, radiante com a chegada dos meus pequenos, mas o nascer dos filhos “morre” uma parte nossa, algo que fomos até aquele momento, pois nada mais será como antes... e eu não estou falando apenas do cansaço (o qual se torna, nosso fiel companheiro), das refeições rápidas, as idas no banheiro interrompidas, os banhos a jato. O que mudará de forma irreparável é a nossa alma.
E de repente, o que fazia sentido, hoje já não faz mais. Desisti de sonhos e objetivos que antes pareciam essenciais, mas agora já não tem mais valor ou importância... a rotina intensa de cuidados, de entrega a Bella e ao Matheus, me fez mergulhar nas minhas profundezas, de não saber o que quero, quem eu sou, qual meu propósito, o que realmente me interessa, de me conectar a mulher denominada Debora, esposa, amiga, profissional e mãe. E essa falta de reconhecimento da minha essência, da minha verdade foi e está sendo assustador e desafiante...
Mulher que outrora era tão dinâmica, se descobre insegura; autoestima é abalada e assim notei que a sociedade não tem empatia pela puérpera. O que ouvimos é "você está saudável, seu bebê é perfeito, porque você ESTÁ triste?! Não seja ingrata! Não existe motivos para isso". Aff, mas tudo isso passa, tudo isso se transforma na escadaria da sua evolução pessoal e garanto a vocês a medida em que nos permitimos mergulhar nesse mar de incertezas, medos e redescoberta que o puerpério proporciona, vamos encaixando os nossos “EUS” novamente em seus lugares, mas precisamos permitir que o eu mãe ganhe seu espaço, avance com suas raízes no nosso mais íntimo território, para ganhar forma, e assim nos proporcionar a redescoberta de novos propósitos, novas vontades , novas perspectivas...
Se identificou com essa parte da minha história? Se reconheceu em alguns trechos? Espero ter ajudado compartilhando isso, para que você e eu saibamos que passamos por movimentos semelhantes e no final tudo, absolutamente tudo dá certo... ah gostaria de compartilhar essa frase, para termos mais empatia umas pelas outras... “Puérpera é uma palavra de para mim deveria fazer parte do “dicionário de palavras que soam estranhas”. Proponho chamá-la de “mãe recém-nascida”, pois além de soar melhor, traz uma carga de afetividade que combina mais com este período tão intenso e único na vida feminina.”
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