Hoje vou contar um pouco sobre as minhas gestações, duas experiências únicas e
especiais. Eis que, em outubro de 2017, recebo a primeira surpresa: minha filha estava
lá, inaugurando o meu ventre e assim construindo uma nova era nas nossas vidas,
culminando com o seu nascimento em junho de 2018. Quanta emoção, euforia misturada com medo e ansiedade experimentados naquele momento, uma verdadeira
explosão de sentimentos! Ao mesmo tempo, me via ávida por saber mais sobre o que
me esperava num futuro próximo.
Já em maio de 2019, minha segunda grande surpresa, meu ventre novamente estava
sendo ocupado por outro serzinho de luz, que havia nos escolhido para sermos seus
pais. Uauuu, que surpresa, que insegurança! Afinal, embora desejado, esse momento
ainda não estava nos planos e a verdade era que eu não sabia absolutamente como seria ter dois filhos tão perto um do outro. E assim foi desde então, sem deixar de me entregar aos sentidos e aos sentimentos, comecei uma busca incessante por mim mesma, além de informações, conhecimentos, experiências de outras mulheres, leituras, tudo que contribuísse para que eu pudesse vivenciar uma maternidade mais plena. E foi aí que descobri que, desde o princípio, a maternidade é feita de escolhas. Muitas! Além, é claro, da descoberta de um sentimento único e verdadeiro: o amor incondicional.
Mas gestar, parir e criar filhos é tão antigo quando a própria história da humanidade.
Isso tudo não deveria fluir naturalmente? Até achava que sim. Antes de ser mãe,
ministrava cursos/palestras para gestantes e era tudo lindo e espetacular. Grande engano, pois sim, a maternidade tem seu lado mágico, encantador e único, mas como
tudo na vida, traz seu lado sombra, com nossos medos, desafios e particularidades que
cada mulher irá vivenciar de uma maneira diferente, pois tudo tem ligação com a nossa
história, nossa origem e valores. Desde aquela viagem da descoberta, os nove meses
seguintes foram assim: encantando-me com cada movimento ou chutinho, acariciando a barriga, cantando e contando da vida aqui fora, superando meus limites e complicações que tive ao longo das duas gestações – obstrução arterial (papo esse para outro encontro). Mas, o tempo e as vivências foram trazendo novas perguntas: Como oferecer alimentos para o meu filho? Como lidar com os picos de crescimento? O que fazer para dar limites? Como lidar com os palpites e opiniões dos outros? Como fazer as minhas opiniões se valerem? Ele está feliz? Estou conseguindo suprir suas necessidades? E um turbilhão que não cessa nunca – creio que nem quando for avó! kkkk! Para cada pergunta, muitas respostas. Portanto, sempre temos que fazer escolhas. E foi assim que eu escolhi viver uma maternidade consciente e responsável. Ou seja, olhando de maneira amorosa mesmo para as mais complicadas situações. E, mais que isso, sempre com especial atenção aos sentimentos, aos desejos, às condições e às necessidades tanto minhas quanto deles. Assim, para cada escolha existe uma renúncia que, administrada sem o peso da culpa, nos permite viver, sendo boa mãe, boa profissional, boa dona de casa, boa esposa e, principalmente, se respeitando e se amando.
Tá certo que não é todo dia que vai dar para ser boa em tudo: a louça vai ficar na pia, o
cabelo despenteado, algumas tarefas de hoje serão concluídas amanhã. E daí? Que
problema há nisso? Digo pra vocês: NENHUM. O importante é conseguir conciliar a
competência com a responsabilidade e a independência, sem o peso da culpa, sem os
abalos da nossa autoestima.
São muitas mudanças que temos que passar. Nosso corpo, os hormônios que nos
deixam loucas e as pessoas não têm discernimento para controlar o que falam, puerpério de 365 dias (simmm, pois o puerpério não dura somente os 40 dias), uma ebulição de emoções. E enalteça todas essas mudanças, afinal, doamos nosso corpo, nosso coração.
Mente e espirito para o maior milagre que possa existir: a VIDA. E “não há nada mais
feminino que celulite e nada mais maternal que as estrias”. Claro que nem tudo são
flores. Há desconfortos, que são passageiros e precisamos passar por eles. A perda do
sono, por exemplo: fase que estou vivendo nesse momento. Trato como parte do
processo de adaptação da nova rotina. Tenho que lembrar sempre que é um carinho de
Deus comigo. Ah, então quer dizer que descobri a fórmula para ser uma mãe perfeita?
Nem de longe! Porque, faça o que fizer, escolha o que escolher, ninguém jamais será
perfeito! E penso que reconhecer e aprender a lidar com as próprias limitações é um
bom ponto de partida, afinal, na maternidade, como na vida, não tem fórmulas nem
respostas certas. Mas acredito, sim, que podemos nos tornar pessoas e mães melhores a cada dia.
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