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Dona de si: a certeza de escolher pela vida sempre

Foto do escritor: Luara Krasnievicz DominskLuara Krasnievicz Dominsk

A esgrimista Mônica Santos, escolheu pela vida e conviveu com a transformação na sua de forma intensa, especialmente após descobrir um angioma medular, que a tornou cadeirante


Jovem e feliz, essa era a vida de Mônica até meados de 2002, quando tentou levantar da cama e não conseguiu, a partir de então tudo mudaria, da sua vida pacata e humilde a uma medalhista paraolímpica.

Natural de Porto Alegre, Mônica vive em Santo Antônio da Patrulha, cidade que conquistou seu coração. Com a infância tranquila de uma cidade do interior e uma família humilde, aprendeu desde cedo o verdadeiro valor da vida e das pequenas coisas. Ainda na adolescência apaixonou-se pelo melhor amigo do irmão mais velho, Angelo Claudeci Santos da Silva e em pouco tempo estava casada. Há mais ou menos 3 anos juntos, o casal tentava o primeiro filho.


Com uma vida considerada “normal” Mônica trabalhava, estudava, cuidava da casa, até que certo dia, após chegar do trabalho sentiu uma fraqueza nas pernas, não conseguia dobrar os joelhos que caíam. “Meu irmão mais velho me viu caindo, então me levou ao médico, chegando no médico, que fez exames de sangue e achou que eu estava com anemia, mas os exames teriam seus resultados após 4 dias, então fui para casa, na mesma noite, tive câimbras nas pernas, enquanto estava deitada, e quando fui levantar não consegui, tanto eu como meu marido levamos um susto, foi aí que fomos para um médico em Porto Alegre, no Hospital da PUCRS, neste momento já não consegui andar.” – lembra.

E foi aí que a melhor notícia da sua vida veio, após exame de sangue os médicos comunicaram a Mônica que estava grávida. Feliz, Mônica espalhou aos quatro ventos sua alegria, mas em meio a tantas emoções, nada justificava a ausência dos movimentos das pernas. Após três meses internada para descobrir o que vinha acontecendo, Mônica já no seu quarto mês de gravidez, recebeu a informação de uma angioma medular - trata-se de uma lesão que pressiona a medula, doença rara que vem desde nascença e se manifesta através de uma gestação, injeções que inibem a menstruação ou menopausa -, o prognóstico era de que a paciente voltaria a andar, bastava interromper a gravidez e realizar uma cirurgia para descomprimir a medula, do contrário a situação evoluiria, podendo levar à tetraplegia ou à morte.

“Eu decidi por ter minha filha, muitas equipes médicas, de várias especializações tentaram me convencer em interromper a gestação, mas desde o primeiro momento eu quis este bebê, minha sementinha, falei, para eles que esta possibilidade não existia dentro de mim, então eu assumi as responsabilidades, mesmo que meu diagnóstico fosse vir a óbito, eu e meu bebê até os 6 meses, pelo decorrer do crescimento do angioma, mas na mesma noite, falei com DEUS: meu Deus me ajuda a ter minha filha, e o que tiver que acontecer que seja comigo, deixar minha filha sobreviver e bem, para que meus pais tenham forças de seguir, pois neste momento, minhas chances de viver eram muito raras, mas pensava em meus pais e na minha filha, primeiro salvam ela”.

Liberada do hospital, Mônica passaria o resto dos dias da gestação em repouso em sua casa, pouco antes do parto, ela recebeu a triste notícia da perda do pai em um acidente de trabalho. Abalada pela imensa dor, Mônica foi internada e 10 dias após a morte do pai, Paolla veio ao mundo, através de um cesariana. “Ela veio perfeita, com uma saúde enorme, só agradeci a Deus por ela estar ali em meus braços, viva e saudável” - se emociona ao contar.


A decisão mais difícil: a cirurgia

Já em casa Mônica continuou em repouso devido ao angioma, após 30 dias de vida de Paola, numa sexta-feira, o médico ligou para informar da cirurgia. “Mônica, você precisa tirar o mama da Paolla neste fim de semana, pois segunda você já irá dar baixa para a cirurgia. Foi a parte mais difícil para mim, deixar minha filha e ir para uma cirurgia em que minhas chances eram ficar tetraplégica, vegetando ou vir a óbito. Isso significava que estava deixando minha filha. A entreguei nos braços da minha mãe e disse: Mãe cuida da minha filha como a senhora me cuida, ensina tudo que me ensinou, valores, princípios e nunca deixa ela esquecer de mim, lembra ela sempre que eu amei ela mais que tudo neste mundo”.

Virando as costas Mônica entrou no carro e em um ato de fé agradeceu a Deus pela oportunidade de ter conhecido, amamentado e pego a filha nos braços, por Paolla ter saúde e que naquele momento a sua vontade fosse feita. Após 11 horas de cirurgia, acordou sem movimento algum, apenas ouvindo a voz de Angelo e os grunhidos de Paolla no quarto. Passados 12 dias sem se mexer, aos poucos a sensibilidade nos braços voltou e o médico veio com a notícia: você está paraplégica.

“SÓ PARAPLÉGICA? Então me deixa ir para casa cuidar da minha filha! Assim que ganhei alta, saí do hospital e fui comprar uma cadeira de rodas super feliz, e fui para casa. Já com minha filha nos braços, novamente elevei meus pensamentos a Deus: obrigada meu Pai, por ter me dado a chance de viver novamente, de poder pegar minha filha nos braços”.

Da dificuldade ao triunfo da vitória

Quando a filha completou 6 anos, Mônica que sempre amou os esportes, decidiu buscar um adaptado, buscou em vários: kart, tiro ao alvo, vela, ciclismo, basquete até encontrar a esgrima em 2010. O esporte que a levou a ser tetra campeã na arma florete. “Fiz e faço parte da Seleção Brasileira, treino no Clube Grêmio Náutico União, sou a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro internacional na esgrima em cadeira de rodas, participei das paraolimpíadas do Rio 2016, e estou com 90% da vaga das paraolimpíadas de Tóquio agora em 2020.” Conta a esgrimista.

Em 2015, os holofotes sob a esgrimista foram grandes por conta de as Paraolimpíadas

serem no Rio, por isso, participou de muitas reportagens e entrevistas e as que mais a

tocaram foram na Revista Dona e duas vezes no Fantástico, inclusive, brinca que a

terceira vez que for ao programa vai querer música. “Se com minha história de vida eu

puder ajudar alguém ou alguma mulher a seguir, a acreditar e a ter fé, eu estou sim

fazendo meu papel. Minha força vem de um Deus que tenho no meu coração e dos meus pais, que sempre me ensinaram os verdadeiros valores, a minha família que é meu alicerce.”


Em busca de patrocínio

Os resultados da atleta são ainda mais expressivos do que parecem. Mônica disputa competições nacionais na categoria A, que é destinada a amputados, para ter um rendimento melhor, já nas competições internacionais compete na categoria B, destinada a cadeirantes, que é a categoria originária dela. Os patrocínios são essenciais para que ela continue a conquistar medalhas e mostrar sua história de luta e superação ao mundo. O contato de Mônica é 51 9 9767-4604 ou pelo instagram @monicamonstrinha , patrocine essa campeã na vida e na esgrima.

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