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A maternidade uma escolha de amor

Foto do escritor: Luara Krasnievicz DominskLuara Krasnievicz Dominsk

Gessica de Melo, 30 anos, agente penitenciaria, mãe da Emili

FM: Como foi o processo de maternidade na tua vida?

Gessica: Minha gestação foi muito tranquila, a gravidez, sempre muito sonhada, veio de surpresa. Com o nascimento da Emili, tive uma rede de apoio essencial, minha mãe e meu esposo. Minha mãe me ajudou muito nos primeiros meses da maternidade, ora com a organização da minha casa para que eu pudesse ficar em repouso, ora me amparando nos momentos de dúvidas, anseios e insegurança. Também tem o apoio do Romulo, meu companheiro, que foi fundamental nesse período de transição e constituição da maternidade, me dando apoio e suporte emocional. Após o nascimento, ele se mostrou ainda mais participativo, interagindo e envolvendo-se nos cuidados com a nossa pequena.

FM: Quais as mudanças que aconteceram com a chegada do bebê?

Gessica: Foi e está sendo uma experiência nova e desafiadora. Ser mãe é crescer e amadurecer. Mudou muito a minha vida, meu tempo, minha rotina, mudou minha maneira de pensar.

Tem as saídas para passear que tem que ser programadas, sempre pensando: “será que dá para levar a nenê?” Tem as noites mal dormidas. Brinquedos espalhados pela casa. Se ela fica doente, fico com o coração apertado, torcendo para que ela melhore logo e, ao mesmo tempo, frustrada porque queria poder tirar a dor e pegá-la para mim. É ir ao banheiro e não estar mais sozinha. Comer depois para cuidar se ela vai comer direitinho. É me doar a todo momento, é pensar e estar com ela no meu pensamento 24h por dia, é me preocupar, é sentir esse medo, acho que até mesmo um medo de perder. Você se vê em coisinhas que ela faz, você vê repetições de como você é ou de como você não é. É se perguntar diversas vezes: “Será que estou sendo uma boa mãe?”

FM: Na sua carreira, como têm sido os desafios e conquistas?

Após o nascimento e o fim da licença maternidade, voltei a função de agente penitenciária. De início quando eu e meu esposo estávamos trabalhando, ela ficava com a minha mãe ou então na escolinha. O desafio do retorno ao trabalho era a saudade dela, o pensamento que não saía da cabeça: “será que ela está bem? Será que estão sabendo cuidar bem dela? E se acontecer alguma coisa?” Ficava olhando o celular a cada minuto. Depois de um plantão de 24h, chegar em casa e ver aquele rostinho, toda preocupação ia embora. No ano de 2020, a Emili tinha dois anos e assumi a administração do Presídio Estadual de Frederico Westphalen, uma nova adaptação. O trabalho passou a ser diário - segunda a sextas-feiras - e mais intenso. Havia as mudanças de humor tanto minhas quanto dela. O cansaço aparentou ser ainda maior. Tinha a impressão de passar menos tempo com ela, saia para trabalhar ela ainda estava dormindo, ao chegar em casa se resumia em dar banho, janta e já estava no horário de dormir. Tentava aproveitar ao máximo. Agosto desse ano deixei a administração em parte para aproveitar mais ela e porque temos outros planos.

FM: Como é ser mãe e funcionária pública - com o cargo que tens - ao mesmo tempo?

É desafiador. O local que trabalho por si já é perigoso. Ela ainda não entende o que significa o local que a mamãe trabalha, mas sabe que a mãe trabalha no presídio, a insegurança e os medos em relação à ela também existem, mas primamos sempre em manter minha postura de servidora lá e em casa de mãe.



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